O que é o CBD?
Tanto o CBD como o THC pertencem a uma vasta família de compostos (estimando-se que sejam cerca de 113 no total), com cada canabinoide a interagir de forma ligeiramente diferente com o corpo humano. Embora o nosso conhecimento seja limitado no que diz respeito a outros canabinoides, estamos a aprender lentamente mais sobre o segundo mais abundante e o foco deste artigo — o canabidiol (CBD).
O CBD é como um irmão ou irmã do THC, mas não partilha as propriedades psicoativas deste último. Por outras palavras, o CBD não induz uma moca como o THC. Os dois compostos partilham, contudo, uma similaridade.
O CBD provém do Cânhamo ou da Canábis?
Embora a resposta seja tecnicamente ambos, as concentrações mais elevadas de CBD provêm do cânhamo, uma subespécie da canábis sativa utilizada preferencialmente pelas indústrias comerciais. Graças à produção moderna, além de um toque de seleção natural, o cânhamo tem uma estrutura química rica em CBD e fraca em THC.
Além disso, embora o cânhamo seja a planta de eleição quando se trata de produtos destinados ao consumidor, tais como o óleo CBD, suplementos CBD e cosméticos CBD, a canábis não fica inteiramente fora do enquadramento. Terá apenas de optar pelas variedades produzidas especificamente pelo seu conteúdo de CBD.
De facto, é a sede da indústria de canábis pelas estirpes ricas em CBD que tem espoletado uma certa revolução, particularmente nos últimos vinte anos. As estirpes ricas em CBD estão a tornar-se finalmente numa realidade comum, sendo o resultado direto de produtores diligentes e da sua manipulação das estirpes com fenótipos onde o CBD predomina.
Para os cultivadores domésticos, não há qualquer necessidade de se preocuparem em cruzar estirpes de canábis, ou em clonarem as plantas progenitoras ricas em CBD, muito pelo contrário, dado que os bancos de sementes oferecem uma escolha diversificada. Por exemplo, a seleção de estirpes de canábis CBD da RQS inclui a Solomatic, Purplematic e Joanne’s CBD, uma estirpe rica em CBD sem praticamente nenhum THC.
Mas, tal como iremos ver, a criação de estirpes predominantes em CBD não é tão simples como parece. No que diz respeito à canábis, tudo se resume à genética. É a genética de uma planta que dita quanto tempo esta demora a florir, além da sua resistência às doenças. Esta genética também controla os canabinoides e terpenos contidos na planta.
CBD e o Sistema Endocanabinoide
Embora tenhamos dito que todos os canabinoides interagem com o corpo humano através de um mecanismo semelhante a uma fechadura e chave, a interação do CBD é um pouco mais complicada.
O canabidiol não tem grande afinidade vinculativa com nenhum dos dois recetores canabinoides conhecidos. Ao invés, este exerce a sua influência apoiando todo o SE, melhorando a forma de operar do sistema e regulando a produção de enzimas benéficas.
Crê-se que tem um efeito supressivo na enzima FAAH (hidrolase da amida de ácidos gordos) que é uma molécula responsável por decompor e destruir a anandamida (AEA).
Esta reação supressiva com o CBD significa que permanecerá mais anandamida no seu sistema, e também por períodos de tempo prolongados. Isto é importante porque a AEA é um químico produzido internamente que exerce uma influência positiva na alimentação, sono, alívio da dor, entre outros.
Contudo, embora o CBD não se ligue aos recetores CB1 ou CB2, isso não significa que ignora o mecanismo fechadura e chave que destacámos anteriormente. Há uma série de recetores de proteína G localizados nos sistemas nervoso central e periférico que interagem com o CBD. Também há o TRPV-1 (recetor de potencial transitório da subfamília V-1) que reage ao CBD. O recetor TRPV-1 é conhecido por mediar a perceção da dor, inflamação e temperatura corporal, mas o potencial desta interação permanece sob investigação.